As adaptações em geral já são um subgênero consolidado nos cinemas, mesmo que muitas delas não sejam unanimidades entre os fãs. Quando se trata de adaptar mangas ou animes então, o saldo é bem menos positivo, visto que muitas se mostraram verdadeiras bombas (nunca conseguirei perdoar a FOX por Dragonball: Evolution).
Assim que soube do live action do Samurai X (Rurouni Kenshin, no original), confesso que fiquei apreensivo. As primeiras imagens pareciam mais um cosplay barato, do que uma adaptação de verdade, e os efeitos que apareciam no trailer só ajudaram a reforçar essa ideia de Filme B. Mas felizmente eu estava enganado. Por mais que de inicio eu culpasse a minha baixa expectativa pra esse filme, tive que dar o braço a torcer: Rurouni Kenshin é ótimo.
Dirigido por Keishi Otomo, o filme conta a história de Kenshin Himura, o lendário samurai Hitokiri Battousai, “O retalhador”, que após a guerra que deu fim ao Xogunato, iniciando a Era Meiji no Japão, tornou-se um andarilho. Depois de anos vagando, Kenshin (Takeru Sato) conhece Kaoru Kamiya (Emi Takei), que possui uma escola de kendo prestes a ser fechada, pois o magnata Kanryuu Takeda (Teruyuki Kagawa), comprou a propriedade do imóvel e pretende utilizá-la em seus planos bélicos. Paralelo a isso uma série de assassinatos deixa a policia em alerta, sobre a suspeita de que Battousai, o retalhador está de volta na cidade.
Justiça seja feita, poucas vezes uma obra foi tão fiel ao seu material original. Fora uma ou outra alteração, o filme condensa boa parte dos dois primeiros arcos do mangá/anime de Nobuhiro Watsuki, dentro do roteiro de forma bem satisfatória. A cena de abertura é muito bem feita, e já nos apresenta os três espadachins do filme: Kenshin, Hajime Saitou (Yosuke Eguchi) e Jin-E Udou (Koji Kikkawa), todos muito confortáveis em seus papeis. Takeru se mostrou uma escolha acertada, seu Kenshin transmite tanto a angustia e serenidade, quanto a fúria do Battousai. Yosuke Eguchi é outro que está perfeito em seu papel, transmitindo toda a imponência do chefe Hajime Saitou toda vez que aparece em cena. Quem não teve tanto sorte, porém, foi Munetaka Aoki, interprete do Sanosuke Sagara. Com pouco espaço de tela, suas aparições servem apenas como alivio cômico, o que é um desperdício de um personagem tão importante. Mas nada que comprometa o resultado final. A fotografia também merece destaque, realçando a beleza dos cenários do Japão Feudal. Os tons azulados das lembranças do Kenshin dão o tom certo a atmosfera pesada de seu passado.
Filmado com um orçamento modesto, o filme foi um sucesso de público e crítica no Japão e em outros mercados, somando mais de 70 milhões de dólares em bilheteria. A boa arrecadação impulsionou mais dois longas-metragens com o espadachim: Rurouni Kenshin – The Kyoto Fire, com lançamento previsto para setembro de 2014, e Rurouni Kenshin – The Legend’s Conclusion, e irão apresentar o vilão Shishio Makoto, interpretado por Tatsuya Fujiwara.
O filme foi lançado direto em DVD/Blu-ray no Brasil. Eu particularmente torço para que a Warner, detentora dos direitos de distribuição do filme ao redor do mundo, lance as continuações no cinema por aqui. Depois de várias adaptações sofríveis, nós fãs merecemos assistir um bom filme baseado em mangá/anime na tela grande.