Crítica | Batman Vs Superman – A Origem da Justiça

c14510_c978b731727245e7a4e0b81bc75cfa60Aviso: O texto abaixo contém spoilers, leia por sua conta em risco.
(E senta que lá vem textão!)

É um alívio finalmente poder dizer que vi Batman VS Superman – A Origem da Justiça. A espera foi grande. A cada novo trailer a expectativa e o medo pelo resultado alternavam de lugares. Uma hora parecia que ia ser o melhor filme de heróis já feito, em outra parecia que seria uma tremenda bomba. Como não consegui ver na estreia, tentei ao máximo evitar ler as críticas e comentários da internet antes de ir ao cinema, e assim tirar minhas próprias conclusões. Eu não queria ser influenciado pela opinião dos outros, queria simplesmente curtir o encontro dos dois maiores heróis dos quadrinhos de todos os tempos. E acho que foi a melhor coisa que eu poderia ter feito.

Desde que estreou, o longa vem dividindo opiniões. Acho que nunca vi um blockbuster gerar uma polarização tão grande assim.  De um lado a crítica segue massacrando sem dó nem piedade, do outro os fãs (ou boa parte deles, pelo menos) defendendo fervorosamente. E nesse clima de “ou você amou, ou você odiou”, eu confesso que saí do cinema bem satisfeito com o que vi. Confuso, mas satisfeito. Teve muita coisa que como fã de quadrinhos eu simplesmente amei e vibrei. Mas em contrapartida, teve muitas outras que eu odiei. O que é engraçado, no entanto, é que diferente de outros filmes de heróis que fizeram escolhas que eu também desaprovei, Batman VS Superman parece crescer cada vez mais em meu conceito quanto mais eu penso nele.

(l-r) Henry Cavill as Superman, Gal Gadot as Wonder Woman and Ben Affleck as Batman in BATMAN V SUPERMAN: DAWN OF JUSTICE. ©Warner Bros. Entertainment.Não era o filme que eu esperava, ou o que eu queria ver, mas não é nem de longe essa abominação toda que estão pintando por aí. É um filme que tem, sim, seus problemas, mas é acima de tudo corajoso. É um olhar diferente sobre os heróis da DC. Em muitos momentos, no meio da colcha de retalhos que o Snyder faz de vários momentos icônicos dos quadrinhos, parecia que eu estava vendo uma Graphic Novel nas telas. E esse talvez seja um jeito de encarar o longa – não de desculpar seus defeitos, diga-se de passagem – que torna o resultado muito melhor. O filme funciona muito mais como uma Graphic Novel do que uma adaptação. É a visão do Zack Snyder desses personagens. É a interpretação dele desse universo, e não necessariamente os heróis que conhecemos e amamos. Se tivesse sido lançada em forma de minissérie em HQs, tirando uns excessos daqui e colocando mais conteúdo acolá, Batman VS Superman talvez pudesse se tornar tão relevante futuramente quanto os clássicos que tenta emular.

batman-vs-superman-ew-pics-3Mas vamos lá, essa repercussão negativa é injusta, então? O filme não é tão ruim assim? Eu diria que consigo entender a frustração de muitas pessoas. Batman VS Superman tem, sim, problema quanto ao seu ritmo, mas nem de longe é um filme tão desconexo e sem pé nem cabeça como vem sido descrito. Acho que o grande problema dele talvez seja a forma como ele enxerga e nos apresenta esses heróis, os tornando praticamente irreconhecíveis para muitos. Eu mesmo demorei a aceitar algumas das escolhas do Zack Snyder. Fiquei algum tempo achando que ele é o tipo de fã de quadrinhos que se interessa muito mais pela imagem e o aspecto visual desses heróis, do que em compreender de fato tudo o que eles defendem e representam. Mas aí é que entra o lance do filme crescer em você. Quanto mais eu penso nos temas que ele aborda, nos significados que ele deixa subentendido, gosto mais dessa versão. Snyder trata esses heróis como divindades, mas ao mesmo tempo os desmitifica, enchendo-os de dilemas morais e sentimentos de culpa, impotência, ressentimento e melancolia. Talvez seja um olhar que não agrade todo mundo justamente por se distanciar e muito da essência dos quadrinhos, mas aprecio o que Snyder tenta fazer, que é ressignificar o símbolo que esses heróis são através de uma ótica mais humana. Sai todo aquele ideal de perfeição das HQs, a figura mítica idealizada do herói, e entra o caráter falho do homem. Batman VS Superman pode não parecer, mas lida com temas muito mais complexos e profundos do que a maioria dos filmes de heróis por aí, e isso obviamente causa um enorme estranhamento. Eu preferia ter visto algo mais próximo daquilo que cresci lendo e admirando? Claro. Mas isso não significa que não é possível gostar das liberdades que o filme toma em relação ao material original.

batman-vs-superman-image-1-2Porém, o ponto que eu acredito que deve dividir muito mais o público é a forma como o diretor entrega tudo isso. O filme dialoga muito melhor com os leitores de quadrinhos do que com o público em geral. Honestamente, não acho que isso seja um problema. Ok, eu sei que é outra mídia, que o filme tem que lidar com um público bem mais abrangente, mas é legal quando certas coisas são direcionadas especificamente aos fãs. Snyder sabiamente parte da premissa que todos já conhecem suficientemente esses personagens, tão enraizados na cultura pop, e não perde muito tempo explicando certos detalhes. Aliás, ele não explica nada. Temos novamente a cena da morte dos Wayne – a melhor versão já filmada da cena, para ser honesto – mas nada de recontar a origem do Morcego. Só o trivial para que você entenda quem o Batman é, e por que ele faz o que faz. Todos os outros novatos nesse universo também já chegam na história plenamente estabelecidos.

Eu acho isso ótimo, mas entendo que talvez seja problemático quando você depende de um conhecimento prévio de quadrinhos muito grande para compreender tudo o que acontece em tela. Peguemos o Bruce Wayne, por exemplo. Não é dito em nenhum momento que ele estava de fato aposentado como a sinopse afirmava, mas o roteiro se esforça para sugerir isso visualmente. O ar e olhar de cansado que ele exibe o tempo todo, a mansão que parece mais um mausoléu abandonado, o bat-sinal fora de uso, e claro, o uniforme do Robin pichado pelo Coringa na batcaverna. Para quem leu as HQs, é remetido imediatamente a Morte em Família e acaba ligando os pontos e saca de onde vem tanta raiva e desilusão, e o que pode tê-lo levado a aposentar o manto do Morcegão. Mas quem não leu talvez não tenha uma experiência tão rica de imersão na história.

batman-vs-superman-image-4-2O mesmo serve para as premonições e menções a Darkseid – o único momento no filme que eu realmente achei meio desconexo. Ok, a cena ajuda a exemplificar o medo que o Batman sente do Super-Homem se voltar contra nós, mas os vislumbres de Apokalips e os Parademônios em ação são algo muito mais direcionados aos leitores de HQs do que propriamente fazer sentido dentro da história. Mas eu compreendo que os sonhos do Bruce, assim como o próprio filme em si, têm como propósito preparar o terreno para a Liga da Justiça nos cinemas, e que tudo isso provavelmente será explicado num futuro próximo. Particularmente, não gosto muito disso de deixar questões para serem resolvidas nas sequências – isso é inclusive uma das razões que me faz odiar tanto o Espetacular Homem-Aranha –, contudo, em Batman VS Superman eu não senti que a necessidade de inserir elementos para expandir o universo da DC nos cinemas tenha interferido no andamento da história. A trama tem forças o suficiente para caminhar com as próprias pernas.

A própria construção dos personagens, tão criticada por todo mundo, é um dos elementos que acho mais bem resolvidos no longa, justamente por não subestimar o espectador e sua capacidade de compreensão. Snyder pode parecer econômico, mas é eficiente em usar imagens para substituir palavras na hora de expressar ideias e sentimentos. O Bruce não precisa dizer que sente a morte do Robin, para que seja possível que eu entenda pela maneira como ele olha o uniforme do seu sidekick o quanto aquilo o afeta. Ou o incompreendido Luthor do Jesse Eisenberg não precisa explicar a razão de suas ações para que eu entenda o quanto ele é movido puramente por ego e vaidade por se ressentir com a figura quase divina do Kryptoniano. Sério, como é bom ver um filme de ação que não te trata como um idiota e não confunde dar o mínimo de informação necessária para que se compreenda algo, com explicar tim-tim por tim-tim todos os pormenores da história. Isso não significa, porém, que o roteiro não dê lá suas escorregadas, ou sofra com alguns excessos.

Para mim, a trama não parece se perder tanto quanto dizem em meio às referências que faz aos quadrinhos, mas acho que o terceiro ato, com toda a sua grandiloquência, destoa do clima reflexivo que Snyder imprimiu ao resto do filme. A ação no final é boa? É ótima. O confronto entre Batman e Superman não é tão longo quanto parecia que seria, mas é bom. Ver a Trindade finalmente atuando junta na tela do cinema é do caralho. Mas estranhamente acho que gostei muito mais dos temas que o filme aborda do que desses momentos em si.

(l-r) Batman/Bruce Wayne (Ben Affleck) and Henry Cavill as Clark Kent/Superman in BATMAN V SUPERMAN: DAWN OF JUSTICE. ©Warner Bros. Entertainment. CR: Clay Enos.Sério, eu simplesmente comprei o tom desse filme. Gosto que ele seja um longa mais contemplativo, com um clima bem mais sério e grave, às vezes até pesado demais. As cores mesmo já deixam isso bem óbvio, com tudo muito escuro, meio acinzentado. Todas as questões que ele aborda sobre o Super-Homem, se deveria existir alguém como ele, sobre o impacto que suas ações exercem no mundo e principalmente o conflito existencial que ele vive é muito bom. É legal essa humanizada que os filmes do Snyder vem dando ao Super e o enfoque no aspecto messiânico do herói, mesmo achando que ainda falta um pouco de sutileza ao incorporar todas essas novas ideias e conseguir fazer jus a figura icônica clássica do personagem.

sam_r4_v11c3_151002_17mj_g_r709f.362886.tifTanto o Homem de Aço quanto Batman VS Superman passam tanto tempo reforçando como o Super-Homem também tem dúvidas e questionamentos, que ele também é passível de falhas, que muitas vezes se esquece de retratá-lo como um legítimo herói. Eu entendo e acho ótima essa ideia de mostrá-lo desconfortável com o papel que as pessoas atribuem a ele, mas acho que eles perdem novamente a oportunidade de mostrar tudo o que o Superman simboliza. Tem uma ótima sacada de discutir suas ações em telejornais e programas de televisão – assim como acontecia no Cavaleiro das Trevas de Frank Miller –, fazendo com que muito do que vemos sobre o herói no filme seja mais a perspectiva dos outros sobre ele, mas ter se aprofundado melhor nesse caráter salvador e humanitário do personagem ajudaria a enriquecer ainda mais essa discussão. Sabe aquela disposição para o bem que o Super-Homem exibia em Paz Na Terra, com gestos simples, mas que demonstravam o quanto ele se importava com o próximo? Pois é, sinto falta disso nessa nova versão. Boa parte das vezes que o azulão realmente age como herói nesse filme é para proteger aqueles que ele ama, chegando ao ponto de admitir que não foi capaz de impedir o atentado ao capitólio, porque simplesmente não estava prestando atenção às pessoas ao seu redor (WTF?!). O sacrifício final no terceiro ato acaba sendo assim uma tentativa de redimi-lo, de mostrar como ele amadureceu como herói estando finalmente disposto a dar a sua vida em prol dos outros, mas acho que ainda era prematuro para isso.

batman-vs-superman-ew-pics-1Esse novo Homem de Aço ainda carecia de um pouco mais de empatia e heroísmo em si, para que sua morte fosse realmente impactante. Poderiam ter guardado isso para quando Darkseid finalmente der as caras. Mas entra aqui novamente a questão desses personagens não serem as figuras que conhecêssemos dos quadrinhos, mas sim a interpretação do Snyder delas. O tornar um mártir aos olhos do mundo através do sacrifício não deixa de ser coerente com a essa nova abordagem, com cada vez mais paralelos à imagem de Cristo que o diretor criou. Nesse sentido o roteiro acertou em cheio ao retratá-lo como uma divindade frustrada, numa constante busca para encontrar seu lugar no mundo. É surpreendentemente melancólico para um filme de heróis, mas bem feito de acordo com a proposta.

SupermanE é óbvio que isso causa não só estranheza, como gera aversão. É uma visão interessante do personagem sim, muito mais profunda do que estamos acostumados, mas difícil de assimilar. Eu mesmo confesso gostar com ressalvas desse novo Super-Homem. Henry Cavill faz novamente um bom trabalho na pele do escoteiro, parecendo cada vez mais a vontade com o papel. Ele passa serenidade e ao mesmo tempo expressa o desconforto e o distanciamento vivido pelo herói. Eu gosto dos momentos dele com as  duas mulheres de sua vida, Lois Lane (Amy Adams) e Martha Kent (Diane Lane) nos quais Clark se mostra mais passional e vulnerável. Elas representam seu vínculo com a humanidade, lembrando-o da importância do que faz. Mesmo que eu ainda tenha no Christopher Reeve a versão definitiva do Super-Homem, a atuação do Cavill tem me ganhado cada vez mais. Aos poucos consigo enxergar nele as características típicas do azulão. Eu gostaria de vê-lo se aproximar mais do Superman das HQs, sendo finalmente aquele símbolo de esperança e altruísmo para humanidade, mas gosto do que o Snyder tem feito com o personagem. Assim como gosto do que ele fez com esse Batman.

Batman_1 O Batman do Ben Affleck é indiscutivelmente a melhor versão do Homem-Morcego já feita. O Batfleck funciona perfeitamente dentro desse contexto criado pelo Snyder. Visualmente inspirado no Cavaleiro das Trevas do Frank Miller – que, aliás, é referencia predominante em todo o filme –, esse é um Batman mais bruto, que distribui socos a torto e a direito no melhor estilo da série de jogos Arkham, mas ao mesmo tempo é uma figura verdadeiramente assustadora, que sabe utilizar-se das sombras para despertar o medo. A cena em que o herói aparece trajado com esse novo uniforme pela primeira vez em tela é tudo o que eu sempre quis ver.

BatmanAffleck encarna um Bruce mais velho, mais amargo, mas que ainda luta para superar os traumas de infância. Ele é para mim o ator que melhor passa a ideia de que o Batman é esse ser perturbado de verdade, que veste a roupa de Morcego tanto para fazer justiça, como lidar com seus próprios demônios surrando bandidos pela madrugada afora. O filme se utiliza principalmente dos pesadelos como forma de mostrar o quão ele é atormentado, mas são os detalhes sutis, como ele acordando ao lado de uma mulher, que Snyder faz questão de mostrar apenas a silhueta, demonstrando o mínimo de vinculo afetivo entre os dois, que denotam o quanto o personagem é problemático e trágico.

Esse Bruce Wayne não é só solitário, é paranoico, cheio de desesperança. Ele está visivelmente desgastado pela a vida de combate ao crime e pelas perdas pessoais, o que em parte justifica ele abandonar seu código moral de não matar criminosos, agindo de forma bem mais cruel e radical. Como o Alfred (Jeremy Irons, ótimo) explica muito bem, esse comportamento violento também é uma resposta a sensação de impotência que a simples existência de um ser como Superman causa nos homens comuns.

Batman V. Superman: Dawn Of JusticeA ideia de que o medo do que não compreendemos leva o ser humano a agir de forma ilógica e extrema é elevada a última potência com esse Batman, que está disposto a partir numa cruzada para exterminar o Superman, acreditando que a mínima possibilidade desse ser voltar-se contra a raça humana deva ser encarada com absoluta certeza.

É uma visão extrema do personagem, mas que funciona muito bem dentro desse contexto, principalmente por que o roteiro reforça o quanto Bruce está cego pelo preconceito e ressentimento. Tanto ele, quanto Luthor projetam no Super suas frustrações, e são incapazes de vê-lo pelo que realmente é, porque possuem uma visão cínica e carregada de desconfiança do mundo (“ninguém permanece bom para sempre”, “a maior mentira contada é que poder pode ser inocente”).

E que forma melhor de lidar com o sentimento de impotência e a culpa mal resolvida do assassinato dos seus pais do que subjugar um “Deus” que é incapaz de salvar inocentes? Fazer o Superman “sangrar” não é só uma mera fala de efeito, exprime todo um sentimento de rancor contra toda e qualquer divindade. Abater esse ser tido como “divino” é uma forma de finalmente punir “Deus” por todas suas falhas.

Batman-vs-Superman-box-office-estimativesE é aí que temos a “polêmica” cena em que Bruce e Clark se tornam aliados. A ideia é ótima, mas acho a execução falha. O Batman não trava somente porque ouviu o nome de sua mãe. Ele trava porque se vê no lugar do assassino dos seus pais (o flashback com o Thomas Wayne deixa isso claro). E é nesse momento que ele finalmente enxerga humanidade no Super. Todo o tempo ele se referia ao Homem de Aço como um alienígena, uma coisa e não uma pessoa. É só nessa hora que ele se dá conta que aquele ser extraterrestre também é capaz de amar, que provavelmente tem uma família que ele quer proteger, como ele não foi capaz de proteger a sua. Essa cena simboliza o momento em que Bruce recupera um pouco de sua humanidade e abandona sua visão cética e extremista do mundo. Foi necessário que o alien Todo-Poderoso, a beira da morte, implorasse pela vida de sua mãe para que o Batman se desse conta que ele próprio estava trilhando o caminho que temia que Super-Homem seguisse. Ainda acho que essa cena é feita de modo apressada e acaba sim soando forçada, mas quanto mais eu reflito, menos a vejo como boba ou cômica, e sim como o verdadeiro ápice dramático do filme.

sam_r4_v11c3_151002_17mj_g_r709f.359395.tifO embate entre os dois ser orquestrado pelo Lex Luthor é algo que eu também gostei muito. Para muitos isso diminuiu as características de detetive do Batman, mas para mim só ressaltou o quão manipulador e maquiavélico é esse novo Lex, que sabe como ninguém explorar as fraquezas de seus inimigos. Jesse Eisenberg interpreta um Luthor afetado, histriônico, cheio de trejeitos, mas simplesmente diabólico. Esse Lex não precisa de uma armadura ou Kryptonita para fazer o Superman se ajoelhar. A ideia de ele criar o Apocalipse é um dos pontos mais fracos do roteiro para mim, mas seu monólogo cheio de rancor à ideia de deidade que o Super-Homem simboliza é espetacular (“Se deus é todo poderoso ele não pode ser inteiramente bom, e se é inteiramente bom, não pode ser todo poderoso”).

Pode não ser o gênio, frio e calculista das HQs, mas é uma releitura eficiente do personagem, que não se preocupa muito em esmiuçar suas motivações ou backgrounds (a questão do pai abusivo fica subentendida) quando suas ações já falam por si mesma.  Lex é psicótico e com uma fome insaciável de controle e poder. Simples.

Wonder_Woman_1500wA grande surpresa mesmo é a Mulher-Maravilha da Gal Gadot, que tem uma participação curta, mas que rouba o foco totalmente quando entra em cena. Gadot samba na cara daqueles que criticaram sua escolha para o papel e entrega uma heroína imponente, confiante e sedutora como a Diana Prince deveria ser. O roteiro acerta em revelar pouco sobre ela, e me fez ficar ansioso para o seu filme solo. O que, aliás, ocorre com todos os demais membros da Liga da Justiça. Minha expectativa para os filmes solo do Flash, do Aquaman e do Ciborgue só aumentou.

tumblr_nyrny0pSvv1uuxzsno2_500Dizer que Batman VS Superman é um filme grande demais para mentes pequenas é um exagero. O filme não é perfeito, mas é bem resolvido e coeso dentro do que se propõe a fazer. Tem uns furos de roteiros que são meio difícil de engolir, tipo o Batman causar toda aquela destruição no porto quando ele poderia simplesmente rastrear e invadir os laboratórios do Lex e pegar a Kryptonita na marra como fez. Ou o Superman ser capaz de ouvir lá do Ártico a Lois ser jogada do alto de um arranha-céu, mas não ouvir sua mãe ser sequestrada. Mas quer saber? Mesmo com esses furos, e outras pequenas derrapadas de montagem – a cena do e-mail com os arquivos sobre os meta-humanos teria funcionado muito melhor como uma cena pós-credito do que ali no meio da batalha –, Batman VS Superman funciona. Uma vez que se compra a premissa, que consegue se aceitar a abordagem escolhida pelo Zack Snyder e os roteiristas David S. Goyer e Chris Terrio, putz, o filme te encanta.

batman-v-superman-trailer-2-072-1280x533Ele é esteticamente lindo. Tem cenas que são uma verdadeira dedicatória de amor a todos os fãs da DC (A cena do Superman vagando no espaço após ser atingido por uma bomba nuclear quase fez escorrer uma lágrima). Tem referência a Frank Miller, a Reino do Amanhã, a Crise nas Infinitas Terras e até a Injustice: God Among Us. A trilha sonora é foda (o que é esse tema da Mulher-Maravilha?), a ação me fez vibrar na poltrona do cinema, e CARALHO, ver Batman e Superman finalmente juntos em um filme é foda para cacete. Poderia ter sido melhor? Poderia. Mas ao menos para mim esse filme cumpre muito bem o seu papel. É um pontapé inicial certeiro da Warner na consolidação de seu universo cinematográfico.

No que me diz respeito, Zack Snyder já fez por merecer seu lugar cativo como diretor das próximas adaptações do estúdio. Ele pode não ser o gênio visionário que muitos acreditavam, mas provou que não tem medo de inovar e arriscar. Paciência se não agrada todo mundo. Para mim já está de bom tamanho.

TrindadeSoem os sinos, pois o alvorecer da DC nos cinemas finalmente começou. Ding Ding Ding…

2 Respostas para “Crítica | Batman Vs Superman – A Origem da Justiça

  1. Eu sinto que foi um jeito fácil de unir os personagens. Sem dúvida, o Mulher Maravilha foi o melhor. Gal Gadot esta impecável. Não há dúvida de que muitas pessoas se lembrarão dela atriz mulher maravilha por causa do excelente papel que ela alcançou. Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto. Cada um dos projetos desta atriz supera a minha expectativa. Além, acho que a sua participação neste filme da DC Comics realmente ajudou ao desenvolvimento da história. Eu sem dúvida verei novamente.

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  2. Pingback: O Universo DC Segundo Zack Snyder | the Procrastinadores·

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