Crítica | The Flash – 2ª Temporada

Segundo Ano da Série Erra Mais do que Acerta…

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02. Médio

Aviso: O texto abaixo contém spoilers, leia por sua conta em risco.

Essa semana aqui no blog vai ter pelo menos uma trinca de textos sobre algumas das séries baseadas em quadrinhos que eu acompanho e que movimentaram a telinha no primeiro semestre de 2016. E de cara, vou abrir logo com The Flash. Quem costuma ler o que eu escrevo aqui no Procrastinadores deve saber o quanto eu curti essa série do velocista escarlate. A primeira temporada foi uma grata surpresa. The Flash não só ajudou a expandir o Arrowverse – que agora também conta com Legends of Tomorrow e a série da Supergirl – como trouxe um tom mais leve e divertido ao universo da DC nas telinhas. O cliffhanger deixado pelo primeiro ano (e toda a série em si, para ser honesto) prometia e muito. Mas a impressão que tive é que ficou só na promessa mesmo. Talvez as minhas altas expectativas não tenham ajudado muito, mas esse segundo ano, apesar de ter sim bons momentos, ficou abaixo do potencial que a série apresentou em sua estreia, e bem aquém do que eu esperava.

The_Flash_-1fbbbaca0-5960-0133-6da3-0aecee5O banho de água fria já veio no primeiro episódio, The Man Who Saved Central City. A escolha por retomar a série seis meses após os eventos do season finale foi meio broxante para mim. Barry (Grant Gustin) se afastou dos seus amigos do S.T.A.R. Labs e passou a patrulhar a cidade sozinho, após Ronnie (Robbie Amell) ter se sacrificado para ajudar a conter o buraco negro que apareceu acima da cidade com a morte do Eddie (Rick Cosnett). Foi bem frustrante ver como a série resolveu a ameaça da singularidade em questão de minutos, em uma cena rápida de flashback. Mas isso nem é o que mais incomodou. O problema é que o segundo ano em si demorou a engrenar. O ritmo lento e arrastado, bem melodramático, contrasta totalmente com o espírito alegre e descontraído estabelecido pela série.

A forma como retrataram a personalidade do Barry nessa segunda temporada foi outra grande mancada para mim. O herói cheio de vida que vimos na temporada passada deu lugar a um cara deprimido, totalmente apático na maior parte do tempo. Eu até entendo que o cara passou por muita coisa nesse ano dois. Ele perdeu seus poderes, sua namorada, viu seu pai ser assassinado em sua frente… Mas caramba, não tinha mesmo como adicionar mais drama e conflito na história sem fazer o personagem regredir tudo o que ele evoluiu? O gancho para Flashpoint, por exemplo, é legal e tal, mas contradiz totalmente o final da temporada anterior. Barry simplesmente se esqueceu do que aconteceu quando ele voltou no tempo e tentou alterar o passado? Todo aquele papo de aceitar as coisas que ele perdeu e ser grato pelo que ele tem foi simplesmente pelo ralo?

The-Flash-Season-2-Finale-Zoom-RaceO vilão da vez, o temido Zoom, também não ajudou muito. Eu gostei de como ele quebra não só o corpo, mas o espírito de luta do velocista, mas o melodrama que isso gera é irritante. É só mais um pretexto para o herói perder a confiança em si mesmo – algo que acontece com uma frequência absurda na série. Assistir o Barry ter que ser lembrado todo santo episódio o porquê ele faz o que faz chega a dar raiva. Ao longo de vinte três episódios essa fórmula de “superar tudo com o apoio de sua equipe” ficou cansativa. E olha que eu gosto da ideia do Flash ser um herói inexperiente, dele ainda estar aprendendo sobre seus poderes e por isso contar tanto com seus amigos, mas se o plano era mostrar o seu lado humano e o seu crescimento como herói não funcionou. Principalmente por que os dramas vividos por ele nesse segundo ano são apenas repetições dos que ele já havia vivenciado na temporada passada. E os superado, diga-se de passagem.

the_flash_tumblr_n23421Esse foi outro grande erro dessa temporada: Repetição. O produtor Greg Berlanti meio que reciclou todo o plot do primeiro ano com a história do amigo/mentor que se revela um inimigo. Poderia até ter sido um acerto, se não fosse o fato de Zoom não ser a metade do vilão que o Flash Reverso foi. Eu até achei que fosse ser mesmo difícil superar o vilão criado por Tom Cavanagh, mas mesmo assim, Zoom deixou muito a desejar. Faltou a ele o vinculo emocional que tínhamos com o Eobard Thawne, que mesmo sendo detestável teve tempo de nos cativar. O visual do Zoom é excelente, a computação gráfica nas cenas em que ele aparece correndo é ótima, mas o personagem além de inconsistente demora muito para engrenar de verdade. Você escuta dizerem que ele é terrível, que é isso e aquilo, mas ele mesmo não faz nada por um bom tempo. Ok, a surra que ele dá no Flash, fazendo questão de exibi-lo humilhado para toda a cidade, é memorável. Mas depois o cara some do nada, e simplesmente começa a enviar capangas da Terra-2 (?) para derrotar um herói que ele já provou que pode derrotar quando quiser. Por quê? Oras, por que a série precisa mostrar outros vilões para fazer render uma trama que dure por vinte e tantos episódios. Eu já nem reclamo mais de fillers em séries da CW, mas cacete, dessa vez eles abusaram de encher linguiça.

the_Flash_image01A ideia de fazer Zoom ser na verdade o Jay Garrick (Teddy Sears) é até uma reviravolta legal, mas meio manjada. Quando Jay contou para a Caitlin (Danielle Panabaker) que seu doppelganger da Terra-1 era um sujeito chamado Hunter Zolomon, eu meio que já esperava por algo desse tipo. E mesmo sendo um plot twist interessante não altera o fato de que para isso eles acabaram subaproveitando um icônico personagem como o Jay Garrick com aquele papo de que ele tinha perdido seus poderes – sim, eu sei que o verdadeiro Jay só apareceu no season finale, mas aí o estrago já estava feito, né. E pior, a trama do vilão se perde totalmente depois dessa revelação, descambando para um novelão besta com sua obsessão pela Drª. Snow. Nem a justificativa para ele querer destruir o Multiverso cola muito. E por que raios ele precisava do Flash para concluir seu plano final, se ele mesmo poderia criar Remanescentes do Tempo para lhe ajudarem a ativar a máquina? Vá saber.

Felizmente, assim como no primeiro ano, a série acerta em cheio quando abraça os quadrinhos. Conceitos como viagens no tempo e multiverso foram muito bem desenvolvidos e fizeram a alegria dos nerds assim como eu. Momentos incríveis, como quando Barry acaba preso dentro da Força da Aceleração – num episódio marcante dirigido pelo grande Kevin Smith – me fazem lembrar o porquê eu ainda assisto essa série. Meus episódios favoritos são os que mais exploraram esse lado fantástico sem medo, como Welcome To Earth-2 e Escape From Earth-2. O visual da Terra-2 é fantástico e o encontro de Barry e Cisco (Carlos Valdés) com seus doppelganger é simplesmente impagável. Cisco, aliás, com suas tiradas nerds continua sendo uma das melhores coisas da série para mim. Ele só não rouba o show de vez por que o novo Harrison Wells é tão bom quanto o anterior. Ainda bem que arranjaram um jeito de manter o Tom Cavanagh na série. O cara é muito bom. Puta ator carismático!

ob_4595d3_amksghwvcz0ap7nuk3tdijjzjvrO elenco de apoio todo continua fazendo um bom trabalho, diga-se de passagem. Joe (Jesse L. Martin) é uma daquelas figuras paternais que você simplesmente quer ter por perto. O Wally West (Keiynan Lonsdale)? Mal posso esperar para vê-lo como Kid Flash. O garoto me convenceu, e já estou aguardando por mais cenas dele ao lado da Jesse Quick (Violett Beane). Iris (Candice Patton) também evoluiu bastante e passou a ter alguma relevância na história além de servir apenas de interesse amoroso. A novela mexicana entre ela e o Barry, entretanto, continua sendo um dos grandes pontos negativos da série para mim. Ainda mais quando vemos como o romance entre o velocista e a Patty Spivot (Shantel VanSanten) fluiu bem. Foi uma pena terem separado esse casal tão cedo e de forma tão boba. Shantel e Gustin mostraram que têm uma boa química juntos.

the_flash_tumblr_o7pmesnDuN1tnvsx0o2_500Enfim, a segunda temporada de The Flash não é de todo ruim, mas é bem irregular. Faltou a ela o brilhantismo da primeira, e ousadia por parte do roteiro para fugir das ciladas do formato procedural. O que é uma pena. O elenco é bom. Os efeitos melhoram bastante – O CGI do Tubarão Rei e o Gorila Grodd me surpreenderam. E o fan service continua inspirado. O Zoom se transformando no Flash Negro foi demais. A homenagem ao ator John Wesley Shipp, fazendo dele o verdadeiro Jay Garrick foi simplesmente foda. Vê-lo novamente trajando o uniforme vermelho com o raio amarelo estampado no peito do herói foi lindo. Era algo que eu e muitos fãs queríamos ver desde que o cara entrou para o elenco da série.

Black_FlashQue a terceira temporada da série seja melhor que essa. Eles têm a faca e o queijo na mão para fazer isso. Com o gancho para Ponto de Ignição pronto, essa é a oportunidade perfeita para desfazer todos os erros cometidos ao longo do caminho. É uma pena que o Flashpoint não deva se estender as outras séries da CW. As possibilidades seriam ainda maiores. Vamos só esperar que todo esse evento não se resolva em apenas um ou dois episódios.

 

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